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Sabe aquelas resoluções de ano novo? Quando, nos últimos dias do ano, tomado por aquela atmosfera de esperança, desejos a serem realizados e ansiedade pela bebedeira de fim de ano, você pára, pensa nos dias que se passaram e promete pra si mesmo que, no ano que vem, tudo vai ser diferente. Você vai emagrecer, vai levar a sério a dieta e a academia. Não vai mais falar palavrão, tampouco xingar no trânsito. Não vai sair beijando qualquer um por aí, vai se dar mais valor, quer um compromisso sério. Daí o ano começa, os primeiros dias vêm, as primeiras semanas passam e a sua freqüência na academia não deu nem pra queimar as calorias da ceia de natal. Você já xingou a mãe de pelo menos cinco motoristas e até aprendeu algumas dirty words em outros idiomas com os gringos que conheceu no reveillon. Os mesmos gringos aleatórios que você já começou o ano beijando, cada um de uma nacionalidade diferente. E viva a globalização!
Sim, é preciso paciência e dedicação pra cumprir as resoluções. A grande questão é que todas elas, todas as promessas utópicas que fazemos, nos levariam, caso cumpridas, à condição de seres humanos melhores. Mas nem sempre queremos ser seres humanos melhores! Alguns vícios são bons...não há como negar. Traçar uma barra de chocolate deitadão no sofá vendo Sessão da Tarde pode ser, eventualmente, mais legal do que suar até os intestinos em uma aula de spinning. E vai dizer que um bom “Filho da P***ta, olha por onde anda, ca****ho!!! Comprou a carteira, seu imecil?? ##$% &$% #¨&% !!!!! ”, não libera toda a tensão e torna seu dia infinitamente melhor?
É...eu não tenho conseguido cumprir algumas das minhas resoluções. Aliás, hoje mesmo eu estou ansiosa por quebrar uma delas. Porque hoje é terça. Terça feira. E todo brasileiro minimamente interado sabe o que tem terça feira.
Terça feira é o dia da semana de maior tensão. Aquele dia que você até abstrai a deliciosa presença do Thiago Lacerda na novela das oito e torce pra que esta acabe logo pra você ouvir a voz ... dele! Ele! Ele ... Pedro Bial. Sim, terça feira é dia de eliminação no Big Brother Brasil.
No fim de 2006, quando estavam começando a ser vinculadas as chamadas do programa eu esbravejava: “ahh outro?? Alguém ainda tem saco pra ver isso? Não vou assistir de jeito nenhum!!”.
Pois é. Admito. Eu assisto Big Brother. Não assiduamente. Não sei o nome de quase ninguém, não tenho pay per view, não assisto todos os dias, não tenho um participante favorito pra ganhar o milhão, quase nunca sei quem é anjo e quem é líder, não gasto tempo nem dinheiro votando e, pra ser totalmente sincera, até confundo as pessoas lá dentro. Volta e meia acho que um é outro, que uma delas estava pegando um deles quando, na verdade, ela estava é pegando outro, e quem estava pegando o primeiro é uma quarta, que, francamente, se parece muito com a primeira. Mas assisto mesmo assim. A televisão fica ligada e, sem que eu tenha o menor controle, alguma força fora do normal atrai como um imã super poderoso a minha atenção pra tv.
Por que não consigo quebrar essa resolução? Por que meus impulsos voyeristas são mais fortes que a minha força de vontade?
Deve ser porque, lá no fundo, não tenho tanta vontade assim de abolir isso.
Não quero ser uma pessoa melhor. Assistir ou não Big Brother não elimina em mim aquilo que eu quero acreditar que eu sou: “estudante-de-comunicação/cinema-interessanda-em-artes-leitora-assídua-buscando-maximizar-sua-cultura.” . E pra ser sincera, odeio esses papinhos pseudo-intelectuais de gente que se acha melhor porque já leu tudo de Dostoiévski e já vi tudo de Godard. Sim, Dostoievski e Godard são cool, uma vez ou outra. Mas há dias em que tudo que você quer é um bom Dan Brown seguido pela trilogia de American Pie.
Fato é que eu pouco me importo com o que acontece dentro da casa. Não dou a mínima pra nenhum dos “brothers”, como diz o Bial (aliás, Bial sim, é rei!). Acho um milhão de reais dinheiro demais pra premiar uma pessoa que sobreviveu aos estupendos banquetes nas festas com bebida mais do que liberada e realmente sofreu por passar seus dias se bronzeando naquela piscina maravilhosa. Tenho todas as críticas ao programa mas, mas assim, assisto, ainda que esporadicamente.
Gosto de ser inútil as vezes. Gosto de poder parar um pouco de pensar. Dá trabalho ficar inteligente.
Em breves momentos, a mediocridade é necessária pra me colocar no meu devido lugar, e não correr o risco de virar uma pseudo-intelectual insuportável que entende mais ou menos de alguma coisa e acha que sabe mais do que todo mundo, como tantos que eu faço questão de desprezar. É a fuga que todos nós precisamos para sobreviver.
Big Brother é minha barra de chocolate. Minha ausência consentida na academia. Meu dedo do meio pro cara do carro ao lado. Meu gringo aleatório. Minha falta de respeito por mim mesma.
E atire a primeira pedra quem não tem um Big Brother na vida.
Sim, é preciso paciência e dedicação pra cumprir as resoluções. A grande questão é que todas elas, todas as promessas utópicas que fazemos, nos levariam, caso cumpridas, à condição de seres humanos melhores. Mas nem sempre queremos ser seres humanos melhores! Alguns vícios são bons...não há como negar. Traçar uma barra de chocolate deitadão no sofá vendo Sessão da Tarde pode ser, eventualmente, mais legal do que suar até os intestinos em uma aula de spinning. E vai dizer que um bom “Filho da P***ta, olha por onde anda, ca****ho!!! Comprou a carteira, seu imecil?? ##$% &$% #¨&% !!!!! ”, não libera toda a tensão e torna seu dia infinitamente melhor?
É...eu não tenho conseguido cumprir algumas das minhas resoluções. Aliás, hoje mesmo eu estou ansiosa por quebrar uma delas. Porque hoje é terça. Terça feira. E todo brasileiro minimamente interado sabe o que tem terça feira.
Terça feira é o dia da semana de maior tensão. Aquele dia que você até abstrai a deliciosa presença do Thiago Lacerda na novela das oito e torce pra que esta acabe logo pra você ouvir a voz ... dele! Ele! Ele ... Pedro Bial. Sim, terça feira é dia de eliminação no Big Brother Brasil.
No fim de 2006, quando estavam começando a ser vinculadas as chamadas do programa eu esbravejava: “ahh outro?? Alguém ainda tem saco pra ver isso? Não vou assistir de jeito nenhum!!”.
Pois é. Admito. Eu assisto Big Brother. Não assiduamente. Não sei o nome de quase ninguém, não tenho pay per view, não assisto todos os dias, não tenho um participante favorito pra ganhar o milhão, quase nunca sei quem é anjo e quem é líder, não gasto tempo nem dinheiro votando e, pra ser totalmente sincera, até confundo as pessoas lá dentro. Volta e meia acho que um é outro, que uma delas estava pegando um deles quando, na verdade, ela estava é pegando outro, e quem estava pegando o primeiro é uma quarta, que, francamente, se parece muito com a primeira. Mas assisto mesmo assim. A televisão fica ligada e, sem que eu tenha o menor controle, alguma força fora do normal atrai como um imã super poderoso a minha atenção pra tv.
Por que não consigo quebrar essa resolução? Por que meus impulsos voyeristas são mais fortes que a minha força de vontade?
Deve ser porque, lá no fundo, não tenho tanta vontade assim de abolir isso.
Não quero ser uma pessoa melhor. Assistir ou não Big Brother não elimina em mim aquilo que eu quero acreditar que eu sou: “estudante-de-comunicação/cinema-interessanda-em-artes-leitora-assídua-buscando-maximizar-sua-cultura.” . E pra ser sincera, odeio esses papinhos pseudo-intelectuais de gente que se acha melhor porque já leu tudo de Dostoiévski e já vi tudo de Godard. Sim, Dostoievski e Godard são cool, uma vez ou outra. Mas há dias em que tudo que você quer é um bom Dan Brown seguido pela trilogia de American Pie.
Fato é que eu pouco me importo com o que acontece dentro da casa. Não dou a mínima pra nenhum dos “brothers”, como diz o Bial (aliás, Bial sim, é rei!). Acho um milhão de reais dinheiro demais pra premiar uma pessoa que sobreviveu aos estupendos banquetes nas festas com bebida mais do que liberada e realmente sofreu por passar seus dias se bronzeando naquela piscina maravilhosa. Tenho todas as críticas ao programa mas, mas assim, assisto, ainda que esporadicamente.
Gosto de ser inútil as vezes. Gosto de poder parar um pouco de pensar. Dá trabalho ficar inteligente.
Em breves momentos, a mediocridade é necessária pra me colocar no meu devido lugar, e não correr o risco de virar uma pseudo-intelectual insuportável que entende mais ou menos de alguma coisa e acha que sabe mais do que todo mundo, como tantos que eu faço questão de desprezar. É a fuga que todos nós precisamos para sobreviver.
Big Brother é minha barra de chocolate. Minha ausência consentida na academia. Meu dedo do meio pro cara do carro ao lado. Meu gringo aleatório. Minha falta de respeito por mim mesma.
E atire a primeira pedra quem não tem um Big Brother na vida.
No mais, até mais.
Carolina
ps: já estamos, efetivamente, no mês do Oscar! Run, people, run !!!
4 comentários:
Mais uma vez, adorei o texto, Pavis ! Nós somos seres múltiplos, e uma identidade que assumimos não implica necessariamente a negação ou a demolição de outra que também possamos ter.
Porém, infelizmente, muita gente ainda hoje prefere se prender a apenas uma identidade, sem perceber como isso pode ser, mais do que um exercício totalizante e limitante típico da lógica logocêntrica moderna, chato até dizer chega !
Por isso, defendo a desreificação dessas categorias e rótulos. Eles podem ser úteis para mapear a vida e nos dar referenciais na vida cotidiana, mas, quando se tornanm uma prisão das possibilidades de existência que temos, eles devem ser, no mínimo, desconstruídos e repensados, como você faz no seu texto.
Parabéns !
Bjs,
Diego.
ok... o texto é bem escrito.
mas eu n aguento mais pessoas qrendo assumir q assistem BBB...
voto por algumas declaraçoes aki!
rs
bjos pqna...
Oi Carolina. Eu vi seu blog no blog do Fábio Rossi e achei seu blog muito blog. Blog só é blog quando é blog. Blog que não é blog nunca poderá ser chamado de blog. E viva os blogs.
blooog
blog
bl
og
g
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