sexta-feira, 6 de julho de 2007

na falta daqui, lá.

www.fotolog.net/ccpm

enjoy (:

domingo, 11 de março de 2007

"Não se afobe não, que nada é pra já..."

Apesar de ser aquariana, consigo me deliciar com algumas singelas rotinas.
A primeira quinzena de cada mês, por exemplo, é a época de uma delas. Logo nos primeiros dias pego R$11,50 na caixinha, vou até a banca mais próxima e volto pra casa toda prosa com a nova Bravo. Incontestavelmente (podem contestar, nem ligo, o blog é meu mesmo...), a melhor revista do Brasil. Simplesmente porque nela não leio sobre o Lula e seus mensalões, sobre dólares na cueca, sobre o capítulo de ontem da novela, sobre o ultimo jogo do campeonato corrente. Tampouco fico sabendo se o fulaninho pegou a fulaninha, e passo longe até mesmo de assuntos relevantes para mim, como o aquecimento global e a despirocada do Al Gore e esse tal de Oscar Verde.

A Bravo é a única revista inteiramente sobre arte do país. E não é muito difícil sacar que arte é meu assunto preferido. Seja ela qual for. Entendo mais de umas, menos de outras. Mas em meio a uma vidinha tão mais ou menos que isso que chamamos de realidade dá na nossa cara todos os dias, a arte é o único e o eterno refugio que eu encontro para todos os males e pesares.

Mas isso não é uma propaganda da Bravo, e nem mais um dos meus sempre apaixonados discursos sobre arte.
Quis vir aqui expor o motivo de esse blog estar quase o Saara de tão deserto.
Não me apressem, queridos. Estou lendo a Bravo! E aos poucos, como aquele chocolate suíço caríssimo que você ganhou da sua tia-avó, que você quer comer bem devagarzinho pra durar mais.
Okay, vocês podem falar: e o resto do mês de fevereiro? Por que nenhum post sobre o Oscar??
Vamos pular esse assunto? Vamos não remoer a minha profunda decepção com o Oscar esse ano? Vamos não falar que a única coisa que prestou foi a leve reverência ao cinema latino-americano? Vamos ignorar o fato de que os so called entendidos juízes da Academia são infinitamente menos exigentes que os do American Idol?
Consegui demonstrar minha revolta? Ótimo.

Reli meu primeiro post, no qual eu fiz questão de frisar que não prometia assiduidade aqui. Mas prometo, mais pra mim mesma do que qualquer coisa, que tentarei escrever mais.
Até porque, a primeira quinzena já está terminando, assim com a Bravo de março.

Pra compensar, semana que vem estarei aqui escrevendo sobre um assunto que vem me remoendo há dias, principalmente porque tenho tido uma inexplicável dificuldade para escrever sobre ele. Já prometi pra muita gente falar sobre isso.
Aguardem.
Ou não, né...

No mais, até mais.
Carolina.
Ah, e leiam a Bravo, seus incultos-não-interessados-por-arte!!
Principalmente a coluna do Fabio Danesi Rossi. Estou fã desse cara.


Ps: Esse post é dedicado ao breve comentário da Renata hoje pra mim na praia: “ah, fala de arte...essas besteiras que você gosta...”

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Lord Save the Queen.


Eu tenho uma grande amiga que gosta de chamar seus casos amorosos de “príncipes”. Embora alguns estejam mais pra sapos ou pra algum membro real menos valorizado, são todos “príncipes”. Não sou das pessoas mais inclinadas ao romantismo da vida real, mas compreendo a denominação. A nobreza, mesmo em países republicanos como este no qual vivemos, sempre inspirou um delicioso encanto e mistério.
Hoje eu fui ao cinema assistir uma rainha de verdade: Helen Mirren.
O ruim de assistir filmes indicados ao Oscar é que é difícil dissociar a indicação da sua critica pessoal, ou seja, é difícil assistir sem pré-julgamentos, sem pensar nas indicações. Dessa forma, é praticamente impossível assistir Mirren sem lembrar do Globo de Ouro e das milhares de criticas positivas que já li sobre seu desempenho em A Rainha ( The Queen, de Stephen Frears, 2006 ).
O filme mostra os bastidores da família real, com enfoque, obviamente, na rainha Elisabeth II, em um momento bastante delicado de seu ainda atual reinado: os dias que precederam o funeral de Lady Di, em 1997. Pela primeira vez, nós, meros-mortais-não-escolhidos-por-Deus tivemos acesso, ainda que fictício, a esses dias pelo lado de dentro.
Helen Mirren assusta pela semelhança física com a rainha da vida real. Felizmente, esse não é nem de longe o ponto principal de sua performance. Não há um suspiro, um olhar, um momento sequer no qual ela fuja do personagem, uma mulher nascida e criada dentro de restritas e intolerantes tradições, que preza por estas e pelo legado de sua família, e vê de perto a possibilidade do desmoronamento de tudo isso ao recusar se expressar publicamente ou demonstrar condolências pela mulher que, apesar de ter sido um ícone de classe, beleza e caridade, passou a vida inteira tentando transgredir e abolir tudo o que Elisabeth II mais amava.
A rainha é, no filme, o que foi tantas vezes da sua vida real: coadjuvante. Embora no longa seja tecnicamente a protagonista, Mirren acaba por assumir, propositalmente, um papel quase que secundário. E não só por ser figura de uma monarquia parlamentarista na qual o rei reina mas não governa (vamos combinar...ela não apita em nada...), mas em relação à própria Diana. Não a mulher, mas o legado e o carisma da “princesa do povo”, que tantas vezes em vida ofuscou o brilho da família real e, com sua morte, conseguiu dar ainda mais dor de cabeça.
O filme me chamou atenção e, convenhamos, me ganhou, por ser uma obra iconoclasta. Há não só a destruição do ícone, como isso é feito pela humanização dele. Ultrapassa-se a imagem da rainha e o respeito e temor que a mesma nos impõe e nos mostra a mulher, a avó cuidadosa e preocupada, dividida entre os afazeres da família e o papel perante a sociedade que foi forçada a assumir. No fim das contas, o ser humano confuso diante da inevitável “modernização” e conseqüente abolição de tudo aquilo que ela acreditou durante toda a vida, como evidencia a cena na qual ela chora sozinha e em silêncio, e como dedica ao cervo morto a emoção e o pesar que talvez gostaria de mostrar à mãe de seus netos.

A Rainha foi um daqueles filmes que me fez sair pensando em várias coisas.
Em primeiro lugar, me fez voltar pra casa pensando em algo sério: como aqui no Brasil somos tão carentes de heróis. Não tivemos participação ativa em guerras, tampouco grandes e heróicas batalhas em nossa historia. Tivemos um ou dois grandes inventores e pensadores. Dessa forma, admiramos e glorificamos jogadores de futebol, integrantes de reality shows e celebridades descaradamente manipuladas e montadas. E isso é muito, muito triste. Heróis existem para serem admirados e quase que endeusados. São melhores, mais capazes que nós. Ok, são seres humanos passiveis de erros, mas conseguiram feitos fantásticos e admiráveis, tanto intelectual quanto fisicamente. Não podem se igualar tão facilmente aos meros súditos e, ainda assim, até mesmo Chico Buarque, um dos melhores de nós hoje e sempre, podemos encontrar facilmente caminhando pela praia do Leblon. É triste não ter heróis do nosso povo, que falem português e tenham sangue latino-negro-branco-índio correndo nas veias. Porque, perdoem-me os fãs, mas não quero criar meu filho pra ele ser igual ao Ronaldinho Gaúcho. Morreria se minha filha virasse pra mim e falasse “mãe, tudo que eu mais quero na vida é rebolar num grupo de axé.”.

Em segundo lugar, A Rainha conseguiu o que eu não esperava: me fez ter um pouco mais de afeto por Elisabeth II. Confesso que fazia parte da multidão que lamenta todos os dias a morte de alguém como Diana, uma perda irreparável para a humanidade num geral, e achava um profundo absurdo a posição da Rainha em relação a tudo que aconteceu. Hoje, depois de ver o filme, consigo entende-la mais. E isso é bom. Quando o cinema consegue mudar sua concepção sobre alguma coisa para a melhor é quase que um milagre.
E é para buscar, diária e apaixonadamente esse milagre, que eu vivo.

Os súditos se curvaram diante da Rainha em uma das ultimas seqüências, quando ela vai com a família real ver as flores deixadas para Lady Di na porta do Palácio. Que a Academia também preste sua reverência a Helen Mirren com um daqueles bonequinhos dourados tão cobiçados. Seria, finalmente, o reconhecimento máximo do seu inegável talento.
Não, não vai levar Melhor Filme. Mas isso não importa agora. A Rainha atinge um objetivo maior sem precisar da estatueta. Nele, vemos o que não vimos e, espera-se, calamos os precipitados julgamentos.


No mais, até mais.
Carolina

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Promessa é dívida. Pago quando quiser.


Sabe aquelas resoluções de ano novo? Quando, nos últimos dias do ano, tomado por aquela atmosfera de esperança, desejos a serem realizados e ansiedade pela bebedeira de fim de ano, você pára, pensa nos dias que se passaram e promete pra si mesmo que, no ano que vem, tudo vai ser diferente. Você vai emagrecer, vai levar a sério a dieta e a academia. Não vai mais falar palavrão, tampouco xingar no trânsito. Não vai sair beijando qualquer um por aí, vai se dar mais valor, quer um compromisso sério. Daí o ano começa, os primeiros dias vêm, as primeiras semanas passam e a sua freqüência na academia não deu nem pra queimar as calorias da ceia de natal. Você já xingou a mãe de pelo menos cinco motoristas e até aprendeu algumas dirty words em outros idiomas com os gringos que conheceu no reveillon. Os mesmos gringos aleatórios que você já começou o ano beijando, cada um de uma nacionalidade diferente. E viva a globalização!
Sim, é preciso paciência e dedicação pra cumprir as resoluções. A grande questão é que todas elas, todas as promessas utópicas que fazemos, nos levariam, caso cumpridas, à condição de seres humanos melhores. Mas nem sempre queremos ser seres humanos melhores! Alguns vícios são bons...não há como negar. Traçar uma barra de chocolate deitadão no sofá vendo Sessão da Tarde pode ser, eventualmente, mais legal do que suar até os intestinos em uma aula de spinning. E vai dizer que um bom “Filho da P***ta, olha por onde anda, ca****ho!!! Comprou a carteira, seu imecil?? ##$% &$% #¨&% !!!!! ”, não libera toda a tensão e torna seu dia infinitamente melhor?

É...eu não tenho conseguido cumprir algumas das minhas resoluções. Aliás, hoje mesmo eu estou ansiosa por quebrar uma delas. Porque hoje é terça. Terça feira. E todo brasileiro minimamente interado sabe o que tem terça feira.
Terça feira é o dia da semana de maior tensão. Aquele dia que você até abstrai a deliciosa presença do Thiago Lacerda na novela das oito e torce pra que esta acabe logo pra você ouvir a voz ... dele! Ele! Ele ... Pedro Bial. Sim, terça feira é dia de eliminação no Big Brother Brasil.
No fim de 2006, quando estavam começando a ser vinculadas as chamadas do programa eu esbravejava: “ahh outro?? Alguém ainda tem saco pra ver isso? Não vou assistir de jeito nenhum!!”.
Pois é. Admito. Eu assisto Big Brother. Não assiduamente. Não sei o nome de quase ninguém, não tenho pay per view, não assisto todos os dias, não tenho um participante favorito pra ganhar o milhão, quase nunca sei quem é anjo e quem é líder, não gasto tempo nem dinheiro votando e, pra ser totalmente sincera, até confundo as pessoas lá dentro. Volta e meia acho que um é outro, que uma delas estava pegando um deles quando, na verdade, ela estava é pegando outro, e quem estava pegando o primeiro é uma quarta, que, francamente, se parece muito com a primeira. Mas assisto mesmo assim. A televisão fica ligada e, sem que eu tenha o menor controle, alguma força fora do normal atrai como um imã super poderoso a minha atenção pra tv.
Por que não consigo quebrar essa resolução? Por que meus impulsos voyeristas são mais fortes que a minha força de vontade?
Deve ser porque, lá no fundo, não tenho tanta vontade assim de abolir isso.
Não quero ser uma pessoa melhor. Assistir ou não Big Brother não elimina em mim aquilo que eu quero acreditar que eu sou: “estudante-de-comunicação/cinema-interessanda-em-artes-leitora-assídua-buscando-maximizar-sua-cultura.” . E pra ser sincera, odeio esses papinhos pseudo-intelectuais de gente que se acha melhor porque já leu tudo de Dostoiévski e já vi tudo de Godard. Sim, Dostoievski e Godard são cool, uma vez ou outra. Mas há dias em que tudo que você quer é um bom Dan Brown seguido pela trilogia de American Pie.

Fato é que eu pouco me importo com o que acontece dentro da casa. Não dou a mínima pra nenhum dos “brothers”, como diz o Bial (aliás, Bial sim, é rei!). Acho um milhão de reais dinheiro demais pra premiar uma pessoa que sobreviveu aos estupendos banquetes nas festas com bebida mais do que liberada e realmente sofreu por passar seus dias se bronzeando naquela piscina maravilhosa. Tenho todas as críticas ao programa mas, mas assim, assisto, ainda que esporadicamente.
Gosto de ser inútil as vezes. Gosto de poder parar um pouco de pensar. Dá trabalho ficar inteligente.
Em breves momentos, a mediocridade é necessária pra me colocar no meu devido lugar, e não correr o risco de virar uma pseudo-intelectual insuportável que entende mais ou menos de alguma coisa e acha que sabe mais do que todo mundo, como tantos que eu faço questão de desprezar. É a fuga que todos nós precisamos para sobreviver.

Big Brother é minha barra de chocolate. Minha ausência consentida na academia. Meu dedo do meio pro cara do carro ao lado. Meu gringo aleatório. Minha falta de respeito por mim mesma.

E atire a primeira pedra quem não tem um Big Brother na vida.
No mais, até mais.
Carolina
ps: já estamos, efetivamente, no mês do Oscar! Run, people, run !!!

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Sweet Sweetness


Essa é, eu acho, a 3ª tentativa de ter um blog. 4ª, se for contar com fotolog. Enjoei todas as vezes.
Não tinha paciência pra postar, não achava que ninguém de fato lia essa joça...
Portanto, não garanto nada. Não garanto assiduidade, tampouco qualidade.
Ah, e não pretendo fazer disso um diário pessoal. Não porque seja mais uma dessas pessoas que levantam a bandeira hipócrita do “quero minha privacidade” ao mesmo tempo que tem orkuts, fotologs e afins. Simplesmente porque não acredito que haja nada efetivamente interessante na minha vida que possa atrair a atenção de algum leitor.
Apenas gosto de escrever, e escrevo muito. Escrevo para libertar os diabinhos que teimam em infernizar minha mente. Tenho opiniões formadas, conceitos enraizados sobre os mais diversos assuntos, o que não significa que eu não mude de opinião. Mudo, sem medo. Assim, acredito que o que eu penso, minhas idéias, podem ter um pouco mais de valor do que o que eu fiz no fim de semana.
Esclarecido isso, vamos ao que interessa.


Assistam “Pequena Miss Sunshine.”
É assim que quero começar o primeiro texto do primeiro post. Assistam “Pequena Miss Sunshine”.
Não porque abalou Sundance. Não porque é cinema independente. Não faço nenhuma questão de defender Sundance e/ou o cinema independente, muito pelo contrário.
Mas assistam “Pequena Miss Sunshine”.

“Pequena Miss Sunshine” ( Little Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, EUA, 2006 ), conta a estória de uma família que se mobiliza para levar a caçula para participar de um concurso de beleza na Califórnia. O cartaz do filme no Brasil já indica o que podemos esperar: “de perto, nenhuma família é normal.”. Temos a protagonista, Olive, interpretada pela fofíssima indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante Abigail Breslin, uma garotinha gordinha e desajeitada que usa óculos maiores que seu rosto e sonha em vencer o concurso de beleza. Há ainda o irmão que não fala por causa de um voto de silêncio, o avô viciado em heroína ( o também indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante Alan Arkin ), o pai, o sempre ótimo Greg Kinnear, fracassado criador de um programa de auto ajuda, a mãe, Toni Colette, que tenta a todo custo segurar as pontas na família e, finalmente, na minha opinião a melhor performance do filme, o tio, Steve Carell, um estudioso que, após uma mal sucedida tentativa de suicídio, passa uma temporada na casa da irmã, a personagem de Toni, porque o seguro de saúde não pagava mais sua estadia no hospital. A evidência da vida fracassada dos personagens cresce na medida em que seus sonhos são impedidos de serem realizados ao longo da trajetória até a California, ao mesmo tempo que o sonho e a ansiedade de Olive só crescem com a proximidade do concurso, e todos superam suas dores para realizar o sonho da garotinha.

Nessa corrida pra assistir todos os filmes indicados ao Oscar antes da cerimônia ( dia 25 de fevereiro ), fui ao cinema um pouco cética em relação a Miss Sunshine. Valerie Faris?? Onde eu já ouvi esse nome?? Ah! É a diretora de alguns clipes do Red Hot Chilli Peppers, tipo “Otherside” e “Californication”. Torci o nariz. Pensei em cinema experimental...afinal, primeiro longa dela. Mas tem 4 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme! Ok...Halle Barry também tem um Oscar. E a credibilidade da Academia?
Aff...depois do leve conflito de idéias, sentei na poltrona do cinema sem saber muito o que esperar. Tentei me desvencilhar dos preconceitos e simplesmente assistir. Resultado? 101 deliciosos minutos.

Não há nada de inovador ou super original na estória. Pelo contrário. O roteiro de Michael Arndt utiliza uma formula antiga: uma “road trip” na qual tudo acontece para atrasar os viajantes na chegada ao seu destino, por vezes pensamos que eles não conseguirão, mas no final eles alcançam seu objetivo. E há, principalmente, o reforço dos valores da família, que mesmo com feridas e bizarrices, consegue enfrentar as dificuldades quando unida. A direção também não possui nenhum atrativo a mais, nada que destaque o casal de diretores dos demais da safra atual.

O que há de tão bom no filme, então, pra merecer a incansável repetição para que todos assistam-no?

Pequena Miss Sunshine é um filme leve, daqueles que não percebemos o tempo passando. A formula do roteiro é clichê, de fato. Mas, como vocês perceberão com meus textos sobre cinema, sou uma defensora dos clichês, quando bem utilizados. Afinal, eles só existem porque dão certo. E no caso desse filme, eles foram muito bem empregados, transformando o mesmo em uma comédia longe de ser escrachada ou pastelão, mas de um humor inteligente e nem um pouco agressivo, contando ainda com uma leve crítica à família de classe média americana e seus valores fúteis.
As interpretações são magníficas. É impressionante como não há weak link. Todos os atores, sem exceção, exploraram ao máximo seus personagens, ainda que o próprio roteiro não os explore tanto assim. E é a junção de boas atuações com uma divertida e inteligente estória que faz do filme um espetáculo de entretenimento como poucos no ano que passou. Assistam e tenham quase duas horas de um cinema que quase não é mais feito: a abordagem de valores humanos sem banhos de sangue, tiros, pessoas morrendo ou, principalmente, a exploração da imagem de astros e estrelas hollywoodianos que muitas vezes se sobrepõem ao próprio filme. Pequena Miss Sunshine é o que tem que ser: um filme que emociona e cativa. Que faz o espectador esquecer a sua vida durante aquele tempo, e sair mais leve do cinema.

O filme demorou cinco anos para ser feito, entre idas e vindas dos grandes estúdios que compravam e desistiam do roteiro com freqüência. Essa é a realidade do cinema independente, dos low budget films, até lá fora.
Os que desprezaram o roteiro devem estar se remoendo agora com o estrondoso sucesso de público e crítica, indicações e prêmios em quase todos os festivais e, para coroar, 4 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme.
Não tem muitas chances de efetivamente levar as estatuetas. Em Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, deve perder pra Babel, não por este ser melhor, mas ser mais a cara da Academia. Abigail Bresil também não deve levar o de Atriz Coadjuvante, considerando que está concorrendo com a nova menina dos olhos da América, Jennifer Hudson, de Dreamgirls (mas a minha torcida, nessa categoria, vai para Adriana Barraza, de Babel, embora tenha também poucas chances.). Finalmente, Alan Arkin também tem poucas chances em Ator Coadjuvante, considerando que Hollywood está em polvorosa com o retorno de Eddie Murphy, que já levou o prêmio na mesma categoria do Globo de Ouro. Falha da Academia de não ter indicado Steve Carell. Sua atuação como o tio Frank, estudioso, gay e suicida, não poderia ter passado em branco.

Mas, surpresas sempre podem acontecer. Ano passado ninguém esperava que Crash (lembremos, cinema independente!), tomasse a estatueta de melhor filme de O Segredo de Brokeback Mountain.
Até dia 25, muitas águas vão rolar, assim como muitos textos sobre os indicados.

Quem tiver interesse, comente. Acho legal a discussão sobre a sétima arte. É a minha favorita!

No mais, até mais.
Volto em breve, eu espero.

Beijos
Carolina.